Chega
de sono e terra seca.
Chega de folhas caindo, de marrons, da paisagem monótona
e quase abandonada. É hora de vermelhos, azuis, violetas e amarelos.
No
jardim e na própria vida, a nova estação tudo permite.
Comece olhando a sua volta.
Não com o olhar de
sempre, mas com aquele da primeira vez.
Aquele
olhar que realmente vê, analisa, tira conclusões.
E então confira se você viveu
a plenitude da estação que termina se cuidou e aproveitou o encanto dos dias
frios, ou se abandonou se escondeu de tudo.
Aproveite
o milagre das Chuvas das Brotas.
Aquela que vem mudando tudo, encharcando a
terra, molhando as almas, despertando as cores adormecidas, anunciando que em
breve tudo estará diferente.
Escolha
então sua nova cor.
E como toda pessoa prudente e de bom senso, mostre um pouco
de ousadia.
Não
fique presa ao que existe não se conforme com as coisas como são. Imagine, não
só como elas poderiam ser, mas, principalmente como você gostaria que fossem.
Combinem
no jardim e em você, com ciência e arte, todas as cores.
Recuse-se
a ficar solitário.
Misture a vermelha paixão, o azul raciocínio, à paz do
branco com a inspiração do amarelo.
Recorra
à experiência, retire as ervas daninhas, regue suas relações.
Mas,
seja reservado.
Quem diz que vai fazer quase sempre nada faz.
Guarde seus
segredos, esconda seus planos.
Deixe
que seu jardim e seus atos falem por você, que revele a quem souber ver o que
brota na sua alma.
Só
assim esta primavera que começa será inesquecível e estará marcada mais uma nova
estação em sua vida.
(Roberto Araújo)